sexta-feira, 9 de abril de 2010

MONOTONIA EM SI MENOR

As pegadas de Artur, mal tocadas ao chão, desapareciam como fogos-fátuos sobre lápides, ossos. A canícula, essa espécie de palavra que age mais por sugestão do que por um significado, postulava ao lado de um hidrante enferrujado que estava plantado como um cacto na desolação desértica daquela paisagem sérvia. Carregando por vales e colinas a memória e os sentidos, Artur devorava uma geração de si-mesmo após uma geração de si-mesmo & Quando pôs-se a escutar a cavatina de seu próprio ser, que poderia chamar-se muito bem “Monotonia em Si Menor”, o violão de doze-cordas pôs-se a tremer por completo, pois suas cordas estavam ansiosas demais para serem tocadas. as meninas logo puseram suas orelhas rosas e negras para fora das janelas imediatamente realizadas contra um fundo colonial & Suspiraram esfaceladas ao soar sua melodia marginal: músicamaleoa, fássustenidos diminutos e chaves de braço para dissolver aquele acorde-nota primordial: SI. Logo soava um lá, e lá permanecia... anoitecia sem dó – o frio no deserto era cortante. Como cortante era dedilhar o aço com dedos queimados. Uma pausa para fumar & De repente uma Sala de Projeção. Poltronas vermelhas que no escuro eram cor de sangue escuro. Tecido branco & De repente um céu, logo um leão & eis que o filme acaba. Artur Pirilampo corre pro campo atrás dos vagalumes. Quando lá chegou ficou sem entender para onde queria ir: se para o campo atrás dos vagalumes, ou se para ali, em meio aos vultos. Nesse momento surge uma gaiola que fala e lê os lábios (ela era surda) mas não entende muito bem a linguagem simbólica. E foi assim que eles inventaram o diálogo: uma boca seca e acanhada incha sob uma mordida insuspeita & relincha como um pônei em desespero. uma grade falso-dourada exacerba o seu coeficiente de elasticidade e compreende um palpite. “IT!” – Artur subitamente foto. reflexo carnívoro que num puleiro demente assobia a monotonia lógica, as amarras do convulsivo. Nunca mais pegadas: suspensão dos auto-falantes: ser o que penso? o que sinto? Serukipaçu! Serei-a.

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